A disputa comercial entre Estados Unidos e China tem redesenhado o mapa global da soja e, até o momento, o grande beneficiado é o produtor brasileiro. Com as tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos chineses e a retaliação de Pequim, o país asiático suspendeu totalmente as compras da oleaginosa americana, abrindo espaço para o avanço das exportações do Brasil.

Em setembro, as vendas de soja brasileira para a China cresceram 57,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 92,3% da soja embarcada pelo Brasil teve como destino o mercado chinês.

O aumento das exportações, no entanto, vem acompanhado de alertas do setor. Especialistas apontam que a dependência excessiva de um único comprador no caso, a China pode representar riscos caso o país asiático volte a negociar com os EUA. Além disso, questões climáticas e a alta nos custos de produção e armazenagem podem limitar o crescimento da sojicultura nacional.

Mesmo assim, o cenário atual consolida o Brasil como principal fornecedor global de soja, à frente dos Estados Unidos. A participação brasileira nas importações chinesas atingiu 71,1% em 2024, enquanto os americanos ficaram com 22%.

“A guerra comercial arruinou os produtores de soja dos EUA, mas fez do Brasil o grande vencedor”, destacou a revista The Economist.

Para manter a liderança, o país precisará enfrentar desafios estruturais e ambientais, equilibrando o aumento das exportações com a sustentabilidade do abastecimento interno e a estabilidade de preços.

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