Brasília, 11 de agosto de 2025 – Um levantamento aponta que os dez deputados federais que mais solicitaram reembolso médico entre 2019 e abril de 2025 receberam juntos quase R$ 11 milhões em ressarcimentos, mesmo tendo à disposição plano de saúde pago pela Câmara.

Panorama dos gastos

Entre fevereiro de 2019 e abril de 2025, a Câmara dos Deputados desembolsou cerca de R$ 39,7 milhões para cobrir despesas médico-hospitalares de 584 parlamentares. Apesar de contarem com o plano Pró-Saúde, que inclui mensalidade subsidiada e coparticipação, muitos optaram por atendimentos particulares e solicitaram o reembolso. O teto por nota individual é de R$ 135,4 mil, valor reajustado em 2021.

Quem mais recebeu

Entre os parlamentares com maiores valores reembolsados estão:

• Tereza Nelma (PSD-AL) — mais de R$ 2 milhões, em função de um tratamento prolongado.

• Damião Feliciano (União-PB) — cerca de R$ 1,7 milhão.

• Família de José Carlos Schiavinato (PP-PR) — aproximadamente R$ 1,6 milhão após internações e tratamentos, parte paga após seu falecimento.

  
  Outros nomes como João Campos de Araújo (Republicanos-GO), Célio Moura (PT-TO), Nilson Pinto (PSDB-PA) e Elcione Barbalho (MDB-PA) também aparecem na lista, com valores que variam entre R$ 700 mil e R$ 900 mil.

Debate ético e transparência

Especialistas apontam que, embora o reembolso esteja dentro das regras, os valores são considerados excessivos diante do benefício já oferecido pelo plano de saúde da Câmara. Além disso, a falta de detalhamento sobre os procedimentos — como tipo de tratamento ou justificativa técnica — dificulta o controle público.

Impacto nas contas

O plano de saúde dos deputados gera déficit anual. Em 2024, o custo total foi de cerca de R$ 10 milhões, mas pouco mais da metade foi coberta por contribuições dos próprios beneficiários. O restante foi pago com recursos públicos, resultando em prejuízo aos cofres da Casa.