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fábrica clandestina em BH produzia fuzis para o Comando Vermelho

Estrutura disfarçada de loja de móveis no Bairro Calafate integrava rede interestadual; investigação aponta produção nacional de armas para facções no RJ, BA e CE.
  • Categoria: Minas Gerais
  • Publicação: 04/11/2025 08:14

A Polícia Federal (PF) concluiu que uma oficina clandestina instalada em Belo Horizonte produzia fuzis destinados ao Comando Vermelho e a outras facções, segundo investigação divulgada a partir de apreensões realizadas em 2023. A estrutura funcionava em um imóvel do Bairro Calafate como fachada de uma loja de móveis e fazia parte de uma rede com ramificações em São Paulo, informou a PF ao repórter e à apuração exibida pelo programa Fantástico.

O que foi encontrado e quem está envolvido

Em operação realizada em outubro de 2023, agentes da PF localizaram na falsa loja de móveis equipamentos industriais de alta precisão, maquinário, materiais e cadernos com instruções de montagem capazes de transformar peças metálicas em fuzis prontos para uso, informou a corporação. A célula mineira era atribuída a Silas Diniz Carvalho, preso em 2023 após a apreensão de 47 fuzis em seu apartamento na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro), e contava com a participação de sua companheira, identificada pela PF como Marcely Ávila Machado.

Rede interestadual e capacidade de produção

Segundo a Polícia Federal, o esquema em Belo Horizonte integrava uma rede que mantinha ao menos outra fábrica em Santa Bárbara d’Oeste (São Paulo). Nesta segunda unidade, as autoridades apreenderam cerca de 150 fuzis prontos e mais de 30 mil componentes, e estimaram capacidade produtiva de até 3.500 armas por ano. A PF aponta que a rede chegou a fornecer aproximadamente mil fuzis a diferentes facções, incluindo grupos que atuam na Bahia e no Ceará, além de milícias no Rio de Janeiro.

Mudança na logística do crime organizado

Para investigadores, a produção artesanal e industrializada de armas representa uma mudança estratégica do crime organizado: em vez de depender exclusivamente do contrabando pelas fronteiras, facções passaram a investir em linhas de fabricação internas e tecnologia própria, o que dificulta o rastreamento do armamento, disse a PF em nota à imprensa.

Desdobramentos no Rio de Janeiro e perícias

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deverá realizar nova perícia em 91 fuzis apreendidos na recente megaoperação no Complexo do Alemão. De acordo com os laudos preliminares citados pela PF, pelo menos 25 desses fuzis apresentam o mesmo padrão de fabricação identificado nas unidades de Minas Gerais e de São Paulo, o que reforça a ligação entre as apreensões.

Apoio operacional e alcance das investigações

A investigação contou ainda com a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Minas, que foi acionada para atuar em desdobramentos da megaoperação no Rio, segundo comunicados oficiais. A PF atribui às inspeções e às apreensões a interrupção de parte da cadeia logística de fornecimento de armamento pesado às facções.

Contexto e histórico

O caso integra um conjunto mais amplo de ações policiais contra o Comando Vermelho e outras organizações criminosas que têm sido alvo de operações federais e estaduais nos últimos anos. A descoberta de uma linha de montagem em imóvel residencial e de fachada evidencia a adaptação das facções para manter produção nacional de armamento, conforme avaliação de fontes da investigação.

Próximos passos
A Polícia Federal informou que as apurações continuam para identificar a extensão completa da rede, fornecedores de componentes, rotas de distribuição e eventuais parceiros em outros estados. A Polícia Civil do Rio aguarda os laudos periciais para confirmar a origem de todos os fuzis apreendidos no Complexo do Alemão; novas prisões e buscas são citadas como medidas possíveis conforme os resultados das perícias e análises cruzadas de evidências.

Fontes: Estado de Minas, Polícia Federal; Polícia Civil do Rio de Janeiro; Polícia Rodoviária Federal (PRF); registros de apreensão em Santa Bárbara d’Oeste.

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