A população indígena brasileira chegou a 1.694.836 pessoas em 2022, praticamente o dobro do registrado em 2010, quando o Censo apontava 896.917 indígenas. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o grupo representa 0,83% da população nacional e está distribuído em 3.923 municípios, o equivalente a mais de 70% das cidades do país.

Diversidade em expansão

O levantamento identificou 391 etnias e 295 línguas indígenas, número superior ao registrado no Censo de 2010, que contabilizou 305 etnias e 274 línguas. São Paulo lidera o ranking da diversidade étnica, com 271 etnias, seguido por Amazonas (259) e Bahia (233). Ao todo, 737 municípios abrigam mais de dez etnias distintas, evidenciando a ampla dispersão e riqueza cultural dos povos originários.

Idiomas e Terras Indígenas

Entre as línguas mais faladas estão Tikúna, com 51.978 falantes; Guarani Kaiowá, com 38.658; Guajajara, com 29.212; e Kaingang, com 27.482. O Censo também mostrou que 474.856 indígenas com dois anos ou mais — o equivalente a 29,19% da população — utilizam uma língua indígena em casa. Desse total, 78% vivem em Terras Indígenas.

O número de Terras Indígenas mapeadas passou de 505 em 2010 para 577 em 2022, um acréscimo de 72 áreas reconhecidas. Segundo o IBGE, o aumento reflete avanços na regularização fundiária e maior precisão nas ferramentas de georreferenciamento.

Crescimento nas áreas urbanas

Os dados também apontam uma forte presença indígena fora das Terras Indígenas. Em 2022, 844,7 mil pessoas se declararam indígenas vivendo em áreas urbanas, número bem acima dos 324,8 mil registrados em 2010. Em áreas rurais fora dos territórios demarcados, o total passou de 80,6 mil para 227,2 mil.

Reconhecimento e metodologia

O IBGE atribui parte do crescimento à melhoria na metodologia de coleta de dados e ao aumento da autodeclaração indígena, especialmente em regiões urbanas. O instituto ressalta que o reconhecimento de novas etnias e a ampliação da representatividade nas comunidades contribuíram para a elevação dos números.

Perspectivas

Com a atualização dos dados, o governo federal e organizações indígenas esperam reforçar políticas públicas voltadas à educação, saúde e preservação cultural. O IBGE planeja lançar ainda este ano uma publicação detalhada com análises regionais sobre a distribuição e as condições de vida das populações indígenas.

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