O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciou um movimento diplomático para incluir a revisão das sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no pacote de negociações com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano). A estratégia do Palácio do Planalto e do Itamaraty visa expandir a pauta, que inicialmente se focava na redução de tarifas sobre produtos brasileiros.

Ampliação da Pauta de Negociação

As autoridades brasileiras avaliam que limitar as conversas apenas às tarifas de 50% impostas por Trump aos produtos do Brasil, em vigor desde 6 de agosto, seria insuficiente. Por isso, busca-se adicionar a reversão da inclusão de Moraes na Lei Magnitsky e o cancelamento da suspensão de vistos de autoridades do Executivo brasileiro, medidas tomadas pelo governo Trump.

A Lei Magnitsky é utilizada pelos Estados Unidos para sancionar autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos ou corrupção. No caso de Moraes, as sanções, que incluem bloqueio de ativos e restrições de entrada no país, foram impostas em 30 de julho sob a alegação de uso do cargo para "autorizar detenções arbitrárias preventivas e suprimir a liberdade de expressão".

Retomada dos Diálogos e Encontro Iminente

A citação pública de um futuro encontro por Donald Trump, em 23 de setembro, serviu como estopim para a retomada das conversas entre interlocutores dos dois países. O chanceler Mauro Vieira dedicou a última semana a contatos com integrantes da administração trumpista em Nova York.

Há pressa em integrantes do Planalto para que Lula e Trump conversem por telefone ou videoconferência ainda nesta semana, buscando aproveitar o momento de reaproximação. Um encontro presencial ficaria para um segundo momento, com o governo brasileiro preferindo evitar a Casa Branca em favor de um local mais controlado, como a residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.

Posições e Obstáculos

Apesar do esforço diplomático, há cautela entre os aliados de Lula. A expectativa de que Trump reverta as sanções contra o ministro do STF é considerada improvável, dado o viés ideológico anti-esquerda e pró-regras para big techs de seu governo. Caso seja bem-sucedido na pauta, o governo Lula obteria uma vitória política significativa sobre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Do lado brasileiro, as discussões são encabeçadas pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), pelo chanceler Mauro Vieira (Relações Exteriores) e pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda). O contexto das sanções está diretamente ligado ao tratamento dado ao ex-presidente Bolsonaro pelo governo brasileiro, a quem Trump havia elogiado em cartas anteriores justificando as tarifas.

Repercussões e Próximos Passos

O sucesso da inclusão da pauta de sanções contra Moraes nas conversas dependerá da complexa articulação diplomática e das garantias prévias estabelecidas entre os dois lados. Observadores apontam que a palavra final será de Trump, conhecido por decisões inesperadas. As atenções se voltam agora para a concretização do contato telefônico ou por vídeo entre os dois presidentes, que deverá delinear o futuro da relação bilateral.

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